domingo, 25 de fevereiro de 2007


... E FOI A GUAÍBA VELHA DE GUERRA

Navegando pela internet (infelizmente, algo ainda inalcançável para grande parte da população), li que três tradicionais veículos de comunicação do Rio Grande do Sul, as Rádios Guaíba (AM e FM) e a TV2 Guaíba, foram vendidos para a Igreja Universal do Reino de Deus, ao preço de 100 milhões de reais. As partes confirmam a negociação, porém negam-se a fornecer maiores detalhes. Assim foi publicada a notícia, de forma lacônica, jogada num rodapé de blog e com ares de fofoca televisiva.

Acho que devemos tecer mais algumas frases a respeito deste acontecimento. Se o
Bionicão, numa negociação travada numa mesinha de metal, resolver vender sua coleção de CDs do Chico Buarque para o Max, compete somente aos “atores” do negócio a decisão e os termos dessa transação. Entretanto, quando a questão envolve três concessões públicas, acho que a discussão deve ser necessariamente aprofundada.

Não está sendo negociada apenas a parte privada da empresa (microfones, claquetes, fios, transmissores, mobiliário, antenas, prédios, enfim, a parte logística que um empreendimento de comunicação necessita para expor através de sua programação seu viés ideológico). O que está sendo transacionada é uma concessão do poder público, o que é inaceitável.

Trata-se de mais um descalabro na história das Comunicações do nosso país, que além de insistir em dar as costas para algo tão precioso, praticamente alimenta a presença cada vez mais maciça (e de forma totalmente independente) de oligarquias e de organizações reacionárias no controle das informações de massa. Afinal, como podemos qualificar a Igreja Universal, a família Sirotsky, o Grupo Abril, a família Collor, a família Magalhães, Senor Abravanel, entre outros?

Um Estado forte se faz também com um controle democrático e transparente dos meios de comunicação. As concessões devem ser discutidas pela população, e o poder público deve viabilizar a construção de ferramentas que permitam, de forma eficaz, esta discussão. Do contrário, continuaremos eternamente na mão de poucos.


Bom, escrevi tudo isso para fundamentar meu verdadeiro clamor:

SALVE O PROGRAMA QUERÊNCIA!

Abraço!

Um comentário:

Sergio Amorim disse...

Mais uma ingerência do poder do capital financeiro sobre o que é, infelizmente somente na teoria, de domínio público: a concessão (ou não, essa parte parece que esqueceram, exceto para as rádios comunitárias) de frequências de radiofusão. Não fiz, porém, maiores marolas, pois no fundo trocou seis por meia dúzia. Vou abrir o berreiro se, um dia, a Igreja Universal ou qualquer outra das atuais comprar uma emissora comprometida com a verdade jornalística e com os dois lados da notícia; com uma grade diversificada de programação, focada na cultura, entretenimento saudável, educação, formação político-ideológica,etc... Infelizmente isso demorará a ocorrer, pois tal emissora, como sabemos, inexiste (por ora). Assim, sinceramente, se demitirem o Baldi (ainda tá vivo?), Já me dou por satisfeito, pois aquilo eu tinha o desprazer de ouvir e esverdeava de raiva. Os pastores, sequer me entram nos ouvidos. Quer saber a real? Desinformação por desinformação, até prefiro a religiosa mesmo, se é que dá prachamar isso de preferência. Não tive que votar no Lula por falta de opção, como vocês? Um abraço.