quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Não existe pensamento único, existe, sim, pensamento hegemônico, que se apropria da verdade e dissemina a epidemia do senso-comum. E lá vamos nós, povo, baixar a cerviz e seguir ao pé da letra a cartilha que nos é "gentilmente oferecida".

Há um sem-número de maneiras de pensar uma mesma questão; uma delas, inevitavelmente, tornar-se-á preponderante e ostentará o estandarte da verdade incontestável. Cabe a nós - radicais, graças a Deus - questioná-la e confrontá-la com a realidade, demonstrando que sua irrefutabilidade é mentirosa e cínica. A verdade não é una, é múltipla.

O senso-comum é majoritário, mas deixa de sê-lo ao derrubarmos sua máscara e escancararmos a sua insustentabilidade. Revela então sua face vil e mentirosa.

A verdade não é monopólio do senso-comum, mas encontra-se democraticamente distribuída nos mais variados pensamentos, divergentes entre si. Na síntese destes ela repousa soberana.

Um comentário:

Sergio Amorim disse...

Desta vez, vou comentar comentando, se me derem licença. Muito boa a idéia apresentada. Majoritariedade deve ser respeitada, mas pode e deve ser contestada, pois mesmo fruto do apoio da maioria, pode ter sido objeto de manipulação. É difícil para que tem consciência das realidade do mundo moderno contrapor o senso comum alienado de nosso povo, alienado pela mídia comprada, alienado pelo way of life estadunidense, e que não tem coragem ou consistência para contrapor a esse festivar e superficialidade a que está fadada suas vidas: ser um profissional bem sucedido, fazer sexo de camisinha, aducar seus filhos para serem vencedores, fazer uma caridade eventualmente e ser feliz, como se fosse possível ser feliz sem consciência. É uma embriaguês constante. Uma pena que só poucos conseguem sustentar uma discussão política em alto nível, com discernimento e consciência de classe, de mundo. Pessoalmente, além desses grandes amigops que postam neste blog, somente nas mais variadas atividades sindicais encontro mentes tão férteis e dispostas à discutir politicamente as várias nuances do nosso conturbado mundo, sem se preocupar muito com os gols do fim-de-semana ou com que está no paredão ou foi traído na novela.